O número de lares do país que registraram pessoas endividadas em agosto chegou a 79%, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), feita pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O Levantamento pega mensalmente dados de 18 mil famílias espalhadas por todo o Brasil. Segundo o balanço, houve aumento de 1% em relação a julho deste ano. Além disso, foram registrados 6,1% de aumento, se o comparativo for feito com o mesmo período de 2021.
Método
Entram no levantamento famílias que estão com dívidas a vencer, como cheques pré-datados, cheque especial, faturas do cartão de crédito, carnês de lojas, empréstimos e parcelas de carros, além de famílias que tiveram que recorrer ao empréstimo consignado. A pesquisa aponta ainda um número alto de inadimplência, chegando a 29,6% do total de famílias do país.
Para esclarecer, a família endividada significa aquela que deve um valor que precisa ser pago em um momento futuro que já está pré-determinado, como parcelas do cartão de crédito. Neste caso, mesmo que a pessoa esteja em dia com as contas, ela estará “endividada” sempre que tiver algo parcelado ou contas a serem pagas posteriormente.
Já os casos de inadimplência correspondem aos prazos que não são respeitados pelos endividados. Em outras palavras, é quando a conta é paga após o vencimento (quando é paga). Não há respeito à data e a conta não é quitada no prazo.
Mais dados da pesquisa
A pesquisa mostra ainda que a aceleração do endividamento foi um pouco maior entre as famílias de menor renda, na comparação com as famílias que ganham mais de 10 salários mínimos. A inflação tem desafiado o poder de compra dessas pessoas que têm renda baixa. Com produtos e serviços apresentando aumento significativo, em razão de diversos fatores como pandemia de Covid-19, guerra entre Rússia e Ucrânia, entre outros, as pessoas estão comprando menos por um valor mais alto, reduzindo esse prazo de endividamento.
Em abril deste ano, outro levantamento feito pela Confederação Nacional do Comércio e Bens, Serviços e Turismo apontou nível recorde de famílias com dividas até então, com 77,7% dos lares brasileiros endividados. A inadimplência tinha chegado ao patamar mais alto desde o começo da série histórica, iniciada em 2010. No mês de agosto, no entanto, as duas marcas foram superadas. Cartões de crédito estão sendo mais usados pelas pessoas, assim como empréstimos que têm sido feitos com maior frequência. Com o custo mais alto, esses são dois dos principais meios adotados pela população mais carente para conseguir quitar dívidas de maior importância, como água, luz e gás.